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DESTAQUE DA SEMANA
OS DIABÓLICOS
OS DIABÓLICOS
Os Diabólicos formam-se quando Rodolfo Rodrigues e Carlos Eduardo Pereira se encontram casualmente num convívio familiar onde actuava um conjunto de baile de amigos. No intervalo de uma série,Carlos senta-se à bateria e "dá uns toques".Rodolfo apreciou e dirigindo-se a ele pergunta-lhe se tem um conjunto.Perante a negativa,lança-lhe o desafio,"Não gostavas de formar um grupo,eu toco viola". OK, Boa ideia respondeu Carlos. A partir daqui tornaram-se bons amigos e avançam na formação do grupo. Mas,deixemos então que seja o Rodolfo a contar. Decorria o ano de 1966.
Nesta época todos os que tocavam queriam formar um conjunto. O Carlos disse logo que sim,mas,isso não poderia interferir com os estudos,ele andava no Liceu Salazar e os pais não iriam aceitar.É claro que isso era muito importante,eu também frequentava a Escola Industrial Mouzinho de Albuquerque e já estou a ver os meus pais se os estudos não corressem bem. Eu conhecia o Clóvis D'Assunção que além de ser meu colega de escola (embora de outro curso) também frequentava os ensaios do conjunto João Domingos. Como ele tocava viola convidei-o e ele aceitou de imediato. Embora nós os três cantarolássemos,queríamos um vocalista a solo e eu conhecia o Mário Pereira de o ver cantar noutros grupos e falávamo-nos muito bem. Fui ter com ele e como de momento ele não tinha conjunto certo,também aceitou. Também era meu vizinho um moço que tocava viola baixo,o Cândido,e apesar de ele ter conjunto convidei-o e ele aceitou. Estavam formados "Os Diabólicos".
Rodolfo (viola solo), Carlos Eduardo (bateria), Clóvis (viola ritmo), Cândido (viola baixo) e Mário Pereira (vocalista). Iniciámos os ensaios na Associação Africana,ate podemos dizer que João Domingos foi como que o nosso padrinho. E como teríamos de ser, não só grupo de Rock,mas também de baile, o reportório teria de ir do tango ao rock,da marcha à valsa,do pop ao bolero...enfim o que era preciso à época. Ficámos com uma bagagem enorme,pois ainda hoje qualquer um consegue identicar um ritmo à primeira audição e integrar-se na música. Ao fim de dois meses já nos sentíamos perparados para actuar.
Rodolfo (viola solo), Carlos Eduardo (bateria), Clóvis (viola ritmo), Cândido (viola baixo) e Mário Pereira (vocalista). Iniciámos os ensaios na Associação Africana,ate podemos dizer que João Domingos foi como que o nosso padrinho. E como teríamos de ser, não só grupo de Rock,mas também de baile, o reportório teria de ir do tango ao rock,da marcha à valsa,do pop ao bolero...enfim o que era preciso à época. Ficámos com uma bagagem enorme,pois ainda hoje qualquer um consegue identicar um ritmo à primeira audição e integrar-se na música. Ao fim de dois meses já nos sentíamos perparados para actuar.
O nosso primeiro contrato foi para actuarmos na Moamba (foto ao lado) .Tínhamos contratos todos os fins de semana e por vezes durante a semana. Começamos a ter necessidade de ter um teclista. Eu tinha um colega na escola que tocava acordeon,o Hernâni Maio,fui ter com ele (na altura não era fácil encontrar um teclista). Ele gostou da ideia mas nunca tinha tocado num órgão eléctrico e nem tinha dinheiro para o comprar,além de que os pais se poderiam opôr por causa dos estudos. Na parte financeira disse-lhe que não havia problema,pois com as actuações que tínhamos resolvíamos o problema. O "namoro" com o Hernâni ainda durou algum tempo mas por fim lá aceitou. Nesta altura estávamos já a ensaiar no Centro Dale Carnegie que era por cima do cinema S. Miguel,com o compromisso de fazermos um baile por mês.
O conjunto continou a ter sucesso tanto nas colectividades como nos festivais de música pop nos pavilhões do Malhangalene e do Sporting.
O conjunto continou a ter sucesso tanto nas colectividades como nos festivais de música pop nos pavilhões do Malhangalene e do Sporting.
"Entretanto neste entretempo também tinha saído o Cândido que foi substituído provisòriamente por Roque Diniz e depois pelo Lello e em Agosto de 68 o Clóvis foi para a tropa,o Hernâni foi para Lisboa de férias com os pais que iam gozar "a graciosa" (férias mais prolongadas) e o Mário também sai por razões pessoais.. Havia que fazer a reformulação do grupo. Assim entram dois elementos já com muita experiência,o Alexandre Loureiro (ex Corsários e Inflexos) para viola ritmo e o vocalista Victor Tomé (ex Corsários). A entrevista da Onda Pop ocorre nesta altura,fins de 68. Esta formação mantém-se até Maio de 69. Aí chamamos a Imprensa e a Rádio e damos um jantar concerto,com o objectivo de escolhermos um novo nome através da sugestão dos leitores e ouvintes com o apoio da Agência de Publicidade Alvorada que estava muito apostada na divulgação da música pop. Aí já estão connosco o João Maurílio no órgão e o Armando Vidal na viola baixo. O público deu-nos imensas sugestões e acabámos por escolher Banda Diplomática que fora sugerido pela Maria Jose Arriaga (saudosa mãe do nosso conhecido e amigo,o Pop Luís Arriaga).
No início de Junho apresentamos o novo conjunto num grande espectáculo organizado pela Alvorada no cinema S. Miguel,onde o prato forte foi o super conjunto sul africano The Bats,que nos vieram felicitar pelo nosso trabalho,o que para nós era uma grande honra. |
A Banda Diplomática são então o Rodolfo (viola solo) Carlos Eduardo (bateria),Armando Vidal (viola baixo), Alexandre Loureiro (viola ritmo), João Maurílio (órgão) e Victor Tomé (vocalista). Temos grandes actuações em bailes de finalistas,fins de ano,deslocações para fora de LM. Apesar de ter entrado para a tropa consigo manter-me no grupo e inclusivé conseguimos um contrato para o Zambi. Em Agoisto de 69 o Carlos também vai para a tropa e em Janeiro de 70 é colocado no Norte. Aí vem o Dino desenrascar e de seguida entra o Abílio,um jovem da Beira muito competente. Mas queríamos avançar com novas sonoridades e a meio de 70 contratamos o Billy para o saxofone e o Fernando Tamele para o trumpete. Entretanto o conjunto toma comportamentos não muito condizentes com a minha maneira de ser e para evitar conflitos decido sair.
Deixemos então a Banda Diplomática para o seu "timing" em Junho de 69 (OP nº 37).
Deixemos então a Banda Diplomática para o seu "timing" em Junho de 69 (OP nº 37).
RODOLFO RODRIGUES
Em 1964/65 começei a aprender a tocar viola,ia à Associação Africana que ficava perto da minha casa e deliciava-me a ver o conjunto de João Domingos tocar (era um conjunto com grande projecção musical no panorama artístico de Moçambique). Entre nós estabeleceu-se uma amizade ao ponto de ser ele próprio a ensinar-me "os primeiros passos" nos acordes da viola. A partir daí fui aprofundando os conhecimentos da conjugação dos acordes,e que com os mesmos se compôem músicas,tanto no ritmo com no solo. Após a minha saída do grupo já Banda Diplomática, fui convidado para trabalhar em diversos grupos. Continuava na tropa mas como estava em Lourenço Marques lá ia conseguindo. Assim aceitei o convite de Renato Silva que era formado pelo próprio ao piano,Eduardo Pereira (bateria), Roldão Diniz (saxofone), Ferdinando (viola baixo),Luísa Nobre (vocalista) e eu na viola solo. Éramos o conjunto privativo dum espetáculo de variedades no cinema Dicca às segundas feiras acompanhando artistas de várias nacionalidades.
Em Maio de 1970 por motivos militares rumo a Nampula. Além do serviço militar começo a tocar com o conjunto local Os Animais. Em Outubro de 70 sou colocado em Porto Amélia e aí integro-me no conjunto local Meia Via e actuávamos em tudo o que eram festas. Em 72 saio de Porto Amélia e passo à disponibilidade. Mantenho as minhas actidades musicais conjugando-as com outras actividades profissionais,trabalhando em diversos grupos até Março de 1975 quando embarco para Lisboa.
Quando cheguei nem sabia se ia para a esquerda ou para a direita,valeu-me o contacto do Victor Tomé (Já falecido) que tinha vindo antes e já tinha trabalho.O momento não era fácil,com a revolução todos se julgavam "Ches" e os ditos "retornafdos" só vinham tirar trabalho aos de cá (cenas de triste memória). Victor põe-me a par do panorama musical e enquanto espero por trabalho trato de tirar a carteira profissional que aqui era obrigatória.Fui presente a um júri de 5 elementos,todos bons músicos,lembro-me que um deles era o maestro Costa Pinto. Passei. A partir daí tinha Carteira Profissional.Ainda fiz uns trabalhos com o Dany Silva. Trabalhei sempre com uma Agência (Interartes) até que surgiu a oportunidade. Um contrato para o Casino do Estoril. Entrei logo em contacto com o Bonifácio Fernandes (Bony) e o Filú em Moçambique para que viessem rápido.
Assim foi. Mas o Dino decide vir com eles e eu tinha um compromisso com o Carlos Eduardo. Falo com ele,e como estava empregado não se importou. Mas o Maurílio veio também e aí tive de falar com o Bony,que acabou aceitando mais um teclista no grupo.Agora o cachet seria a dividir por 5 e não por 4. Durante 15 dias ensaiámos como Banda Diplomáica e passámos a actuar no Casino do Estoril durante dois anos. Depois tivemos vários contratos até acabarmos no carnaval de Ofir de 1977 onde acompanhámos o duo de Lourenço Marques Sérgio e Madi.Aqui no final tive uma surpresa porque o Filú o Dino e o Maurílio decidem sair sem motivo aparente. Suspendi alguns contratos,mas reformulei o conjunto com o Gonzaga Coutinho (viola baixo), Luís Gonzaga (sax) e Pinto (bateria) ,todos da Beira. Semanas depois o Bony também arranja um emprego mais estável e sai,depois os Gonzaga seguem o mesmo caminho. Volto a ser músico profissional e integrei o grupo Monzambeat formado pelo Jerry Migliety (voz) ,Alfredo Vedor (viola baixo), Domingos Aquino (bateria), Guerreiro (teclas) e Rodolfo (viola solo ritmo ),porque o viola original do grupo, FaruK decidiu ir para o Algarve. Assinamos contrato com a boite Tosco no Conde Redondo de fama duvidosa. Andava desconfortável ao fim de pouco tempo e fui convidado pelo Man Matos a tocar com ele e com a Marizé no "Man Matos & Marizé". Era o Manuel Matos no piano ,o Tito Frazão no baixo o Pinto ou o Rousseau (já não me lembro bem) na bateria eu no solo e a Maria José Canhoto a cantar. Fomos inaugurar o novo grande salão do Casino da Póvoa de Varzim e ficámos por lá uns tempos. Depois actuámos no carnaval da Torralta em Portimão.Deois saíu o Tito e entrou o Zeca Rodrigues (ex San Remo). Ainda actuámos durante essa época acompanhando vários artistas e depois decidi desligar-me da vida de músico profissional. O mesmo fez a Marizé que recomeçou depois uma carreira a solo já como Alexandra.
Em 1964/65 começei a aprender a tocar viola,ia à Associação Africana que ficava perto da minha casa e deliciava-me a ver o conjunto de João Domingos tocar (era um conjunto com grande projecção musical no panorama artístico de Moçambique). Entre nós estabeleceu-se uma amizade ao ponto de ser ele próprio a ensinar-me "os primeiros passos" nos acordes da viola. A partir daí fui aprofundando os conhecimentos da conjugação dos acordes,e que com os mesmos se compôem músicas,tanto no ritmo com no solo. Após a minha saída do grupo já Banda Diplomática, fui convidado para trabalhar em diversos grupos. Continuava na tropa mas como estava em Lourenço Marques lá ia conseguindo. Assim aceitei o convite de Renato Silva que era formado pelo próprio ao piano,Eduardo Pereira (bateria), Roldão Diniz (saxofone), Ferdinando (viola baixo),Luísa Nobre (vocalista) e eu na viola solo. Éramos o conjunto privativo dum espetáculo de variedades no cinema Dicca às segundas feiras acompanhando artistas de várias nacionalidades.
Em Maio de 1970 por motivos militares rumo a Nampula. Além do serviço militar começo a tocar com o conjunto local Os Animais. Em Outubro de 70 sou colocado em Porto Amélia e aí integro-me no conjunto local Meia Via e actuávamos em tudo o que eram festas. Em 72 saio de Porto Amélia e passo à disponibilidade. Mantenho as minhas actidades musicais conjugando-as com outras actividades profissionais,trabalhando em diversos grupos até Março de 1975 quando embarco para Lisboa.
Quando cheguei nem sabia se ia para a esquerda ou para a direita,valeu-me o contacto do Victor Tomé (Já falecido) que tinha vindo antes e já tinha trabalho.O momento não era fácil,com a revolução todos se julgavam "Ches" e os ditos "retornafdos" só vinham tirar trabalho aos de cá (cenas de triste memória). Victor põe-me a par do panorama musical e enquanto espero por trabalho trato de tirar a carteira profissional que aqui era obrigatória.Fui presente a um júri de 5 elementos,todos bons músicos,lembro-me que um deles era o maestro Costa Pinto. Passei. A partir daí tinha Carteira Profissional.Ainda fiz uns trabalhos com o Dany Silva. Trabalhei sempre com uma Agência (Interartes) até que surgiu a oportunidade. Um contrato para o Casino do Estoril. Entrei logo em contacto com o Bonifácio Fernandes (Bony) e o Filú em Moçambique para que viessem rápido.
Assim foi. Mas o Dino decide vir com eles e eu tinha um compromisso com o Carlos Eduardo. Falo com ele,e como estava empregado não se importou. Mas o Maurílio veio também e aí tive de falar com o Bony,que acabou aceitando mais um teclista no grupo.Agora o cachet seria a dividir por 5 e não por 4. Durante 15 dias ensaiámos como Banda Diplomáica e passámos a actuar no Casino do Estoril durante dois anos. Depois tivemos vários contratos até acabarmos no carnaval de Ofir de 1977 onde acompanhámos o duo de Lourenço Marques Sérgio e Madi.Aqui no final tive uma surpresa porque o Filú o Dino e o Maurílio decidem sair sem motivo aparente. Suspendi alguns contratos,mas reformulei o conjunto com o Gonzaga Coutinho (viola baixo), Luís Gonzaga (sax) e Pinto (bateria) ,todos da Beira. Semanas depois o Bony também arranja um emprego mais estável e sai,depois os Gonzaga seguem o mesmo caminho. Volto a ser músico profissional e integrei o grupo Monzambeat formado pelo Jerry Migliety (voz) ,Alfredo Vedor (viola baixo), Domingos Aquino (bateria), Guerreiro (teclas) e Rodolfo (viola solo ritmo ),porque o viola original do grupo, FaruK decidiu ir para o Algarve. Assinamos contrato com a boite Tosco no Conde Redondo de fama duvidosa. Andava desconfortável ao fim de pouco tempo e fui convidado pelo Man Matos a tocar com ele e com a Marizé no "Man Matos & Marizé". Era o Manuel Matos no piano ,o Tito Frazão no baixo o Pinto ou o Rousseau (já não me lembro bem) na bateria eu no solo e a Maria José Canhoto a cantar. Fomos inaugurar o novo grande salão do Casino da Póvoa de Varzim e ficámos por lá uns tempos. Depois actuámos no carnaval da Torralta em Portimão.Deois saíu o Tito e entrou o Zeca Rodrigues (ex San Remo). Ainda actuámos durante essa época acompanhando vários artistas e depois decidi desligar-me da vida de músico profissional. O mesmo fez a Marizé que recomeçou depois uma carreira a solo já como Alexandra.
Aqui tive a oportunidade de iniciar um trabalho na minha área profissional (Marketing & Publicidade) e não deixei passá-la. A emprea Intervoz Publicidade que era concessionária da Rádio Renascença. Mas o "bichinho" da música não me largava e aos fins de semana começei a tocar com "Os 6 Latinos". Trabalho com eles até 84. Saio porque começa a haver muito trabalho e eu já ão consigo acompanhar,além de que tinha agora um cargo de chefia (director comercial) que me ocupava mais tempo. Mas o "bichinho" roía e atormentava. acabo a tocar com o Alex Rodrigues (ex Night Stars),já falecido,o Zeca Rodrigues (ex San Remo) e o Chico Furtado (ex H2O).Formamos o conjunto privativo do Estoril Sol. Estou aí até à passagem do ano 87/88. Entretanto mudei de empresa e a mesma queria expandir-se para o norte. Deixo a música e mudo para o norte.Hoje vivo no berço da nacionalidade.
CARLOS EDUARDO PEREIRA
Desde miúdo Carlos vivia tocando em caixas de sapatos,panelas e outros objectos procurando o seu som. Tudo servia para buscar o ritmo que lhe corria nas veias. Em 1965 consegue comprar uma bateria Tronza (nunca se esqueceu da marca) na Somorel. Em casa coloca discos e tenta acompanhar os ritmos. É um verdadeiro autodidacta.
Numa festa conhece Rodolfo e a história do conjunto já a contámos atrás.
Em Agosto de 1969 entra para o serviço militar e enquanto está na recruta e especialidade sempre salta de Boane para LM e acompanha o grupo.
Mas em janeiro de 70 é colocado no norte de Moçambique. Só em agosto de 72 quando sai volta á activadade musical continuada. Entra no Omnipotente (que já falámos na OP nº9 onde estava Tito,ex-Inflexos),mas em finais de 72 sai e vai tocar na boite Topásio (rua Araújo). Vida de músico é sempre palpitante e tenta mais estabilidade. Alex Rodrigues (Night Stars) arranja-lhe lugar no Montepio. Está lá dois meses e recebe um convite para tocar no Hotel Casino Spa da Suazilândia a ganhar três vezes mais. Não hesita, mas passados dois meses não lhe dão o "permit" de residência por questões racistas e recebe ordem de saída e embora o gerente diga para não ligar,não arrisca e volta a Lourenço Marques .Dizem-lhe que em Lisboa as hipóteses de trabalho são muitas . Em Maio de 73 não hesita faz as malas e vem.
Encontra trabalho de imediato no restaurante Comodoro (por trás do Teatro D. Maria II,no Rossio). Mas o dono informa-o que presica ter carteira profissional para trabalhar. Vai saber o que é preciso e das provas consta um exame de música ou algum músico que assine em como está apto a tocar. Como o dono do Comodore tem medo que apareçam os fiscais, sai e aranja emprego nos TLP. Vai-se preparando para estudar para o tal exame,mas um belo dia passa no restaurante e o dono que está à porta chama-o. Preciso que venha para cá tocar,o substituto que arranjei não toca nada.Responde que ainda não tem a carteira e ele diz-lhe,não faz mal eu perfiro arriscar a multa. Entretanto quando saía do restaurante ia a umas boites da zona como o Hipopótamo e outras e por vezes tocava com os grupos que lá estavam enquanto esperava o barco para o Barreiro. É assim que Mário Simões e o seu conjunto assinam o tal documento em como está apto para tocar.No Comodoro fica quase até ao fim de 74,já depois de fazer exame e obter a Carteira Profissional. Aí recebe um convite para ir para o Hipopótamo tocar com o Gil,o Faruk (ex beatnicks) e o Dany Silva (ex quinteto Académico e outros) pois o baterista Carvalho havia falecido. Fica com eles até 1979 indo depois para a "Cova da Onça" até 81.Aí começam a surgir problemas de salários e para não entrar em conflito sai e vai para o Maxim,mas três meses depois convidam-no para a boite Nina onde fica de 82 a 85. Em 1985 regressa ao Hipopótamo onde se vai manter até 93. Em novembro de 93 é convidado a ir tocar para o Casino do Estoril com Alex Honowana (piano) e Sérgio (viola baixo) brasileiro. Fica no Casino até 2002. Finalmente forma o trio The Kings com Fernando Maurício (viola baixo e voz),Arnaldo Miranda (piano) e ele na bateria voz. Tocam em festas,casamentos e eventos. Até 2009 a coisa corre bem mas a partir daí os contratos começam a escassear. Desde 2006 trabalha para uma emprea de segurança e tocam de quando em vez.
Desde miúdo Carlos vivia tocando em caixas de sapatos,panelas e outros objectos procurando o seu som. Tudo servia para buscar o ritmo que lhe corria nas veias. Em 1965 consegue comprar uma bateria Tronza (nunca se esqueceu da marca) na Somorel. Em casa coloca discos e tenta acompanhar os ritmos. É um verdadeiro autodidacta.
Numa festa conhece Rodolfo e a história do conjunto já a contámos atrás.
Em Agosto de 1969 entra para o serviço militar e enquanto está na recruta e especialidade sempre salta de Boane para LM e acompanha o grupo.
Mas em janeiro de 70 é colocado no norte de Moçambique. Só em agosto de 72 quando sai volta á activadade musical continuada. Entra no Omnipotente (que já falámos na OP nº9 onde estava Tito,ex-Inflexos),mas em finais de 72 sai e vai tocar na boite Topásio (rua Araújo). Vida de músico é sempre palpitante e tenta mais estabilidade. Alex Rodrigues (Night Stars) arranja-lhe lugar no Montepio. Está lá dois meses e recebe um convite para tocar no Hotel Casino Spa da Suazilândia a ganhar três vezes mais. Não hesita, mas passados dois meses não lhe dão o "permit" de residência por questões racistas e recebe ordem de saída e embora o gerente diga para não ligar,não arrisca e volta a Lourenço Marques .Dizem-lhe que em Lisboa as hipóteses de trabalho são muitas . Em Maio de 73 não hesita faz as malas e vem.
Encontra trabalho de imediato no restaurante Comodoro (por trás do Teatro D. Maria II,no Rossio). Mas o dono informa-o que presica ter carteira profissional para trabalhar. Vai saber o que é preciso e das provas consta um exame de música ou algum músico que assine em como está apto a tocar. Como o dono do Comodore tem medo que apareçam os fiscais, sai e aranja emprego nos TLP. Vai-se preparando para estudar para o tal exame,mas um belo dia passa no restaurante e o dono que está à porta chama-o. Preciso que venha para cá tocar,o substituto que arranjei não toca nada.Responde que ainda não tem a carteira e ele diz-lhe,não faz mal eu perfiro arriscar a multa. Entretanto quando saía do restaurante ia a umas boites da zona como o Hipopótamo e outras e por vezes tocava com os grupos que lá estavam enquanto esperava o barco para o Barreiro. É assim que Mário Simões e o seu conjunto assinam o tal documento em como está apto para tocar.No Comodoro fica quase até ao fim de 74,já depois de fazer exame e obter a Carteira Profissional. Aí recebe um convite para ir para o Hipopótamo tocar com o Gil,o Faruk (ex beatnicks) e o Dany Silva (ex quinteto Académico e outros) pois o baterista Carvalho havia falecido. Fica com eles até 1979 indo depois para a "Cova da Onça" até 81.Aí começam a surgir problemas de salários e para não entrar em conflito sai e vai para o Maxim,mas três meses depois convidam-no para a boite Nina onde fica de 82 a 85. Em 1985 regressa ao Hipopótamo onde se vai manter até 93. Em novembro de 93 é convidado a ir tocar para o Casino do Estoril com Alex Honowana (piano) e Sérgio (viola baixo) brasileiro. Fica no Casino até 2002. Finalmente forma o trio The Kings com Fernando Maurício (viola baixo e voz),Arnaldo Miranda (piano) e ele na bateria voz. Tocam em festas,casamentos e eventos. Até 2009 a coisa corre bem mas a partir daí os contratos começam a escassear. Desde 2006 trabalha para uma emprea de segurança e tocam de quando em vez.
DESTAQUE
MANITAS DE PLATA -Festival de Belfast
Manitas De Plata foi um fenómeno de popularidade nos anos 60. Nasceu em Sète no sul de França numa caravana de ciganos a 7 de Agostoi de 1921.O seu nome era Ricardo Bailardo . Aos 9 anos um tio oferece-lhe uma viola e o seu génio leva-o a tornar-se um dos mais virtuosos guitarristas autodidactas a nível mundial.
Nunca foi à escola. Françês de origem flamenga é nesta música que desenvolve ritmos e construções atropelando tudo o que são regras estabelecidas,o que vai ser um desastre para os puristas. Nos anos 60 ainda não existia o termo "World Music",a música dividia-se em Clássica e Popular.E este estilo específico e diferente chamava a atenção tanto a eruditos como populares. Picasso dizia que ele o inspirava,que o seu valor era maior que o dele.
MANITAS DE PLATA -Festival de Belfast
Manitas De Plata foi um fenómeno de popularidade nos anos 60. Nasceu em Sète no sul de França numa caravana de ciganos a 7 de Agostoi de 1921.O seu nome era Ricardo Bailardo . Aos 9 anos um tio oferece-lhe uma viola e o seu génio leva-o a tornar-se um dos mais virtuosos guitarristas autodidactas a nível mundial.
Nunca foi à escola. Françês de origem flamenga é nesta música que desenvolve ritmos e construções atropelando tudo o que são regras estabelecidas,o que vai ser um desastre para os puristas. Nos anos 60 ainda não existia o termo "World Music",a música dividia-se em Clássica e Popular.E este estilo específico e diferente chamava a atenção tanto a eruditos como populares. Picasso dizia que ele o inspirava,que o seu valor era maior que o dele.
Depois do êxito aceita viajar,e em 66 apresenta-se no Carnegie Hall em Nova York num espetáculo a favor dos direitos humanos. Jack Bond, cineasta,faz um filme mostrando Manitas e Reyes tocando enquanto Salvatori Dali vai desenhando um D. Quixote (foto ao lado).No Carnegie Hall acabará por tocar 14 vezes. Em inglaterra em 1968,depois do Festival de Belfast,actua no Royal Performance de Londres ao lado das Supremes. Irá várias vezes a Londres apresentando-se na TV em shows de Rolf Harris, Julie Felix e Val Doonican. Também actuou no Royal Albert Hall para a rainha da Grã Bretanha. Dizia que só amava a música e as mulheres. As fortunas que ganhava alimentavam uma família de perto de 80 pessoas, estoirava o dinheiro em carros e mulheres,diz ter dormido com mais de 1000 mulheres,são-lhe conhecidos pelo menos 28 filhos,mas dizia ter mais. O seu primo Reyes também seguia a onda. O conjunto que todos conhecem Gipsy Kings é formado por 3 filhos seus e 5 do primo. A última vez que apareceu em palco foi no Olympia de Paris em Outubro de 2012 onde teve uma extraordinária e emotiva ovação. Morreu na miséria rodeado pela família há menos de 3 meses.Tinha 93 anos.
FALANDO DE NOVOS DISCOS
Pela sua beleza e criatividade, bem típicas da época, resolvemos ilustrar os discos que aparecem mencionados em "Falando de Novos Discos" com as capas que raramente chegámos a conhecer na época dos seus lançamentos.
Pela sua beleza e criatividade, bem típicas da época, resolvemos ilustrar os discos que aparecem mencionados em "Falando de Novos Discos" com as capas que raramente chegámos a conhecer na época dos seus lançamentos.
NOVOS DISCOS DE VELHOS CONHECIDOS
Quem não se lembra dos AC/DC?
Para os admiradores do Heavy Metal, este nome representa um dos principais pioneiros desse género musical, no entanto eles consideram-se simplesmente uma banda de Rock 'N' Roll (ou talvez uma banda de Hard Rock ou Blues Rock, diríamos nós). Os AC/DC são uma banda australiana que os irmãos Malcolm e Angus Young formaram em 1973, tornando-se em uma das bandas com mais discos vendidos no mundo (mais de 200 milhões). Em Novembro de 2014, lançaram o seu 15º álbum entitulado "Rock Or Bust", sendo este o 1º álbum sem a presença de Malcolm Young, devido aos seus problemas de saúde cerebral. |
O seu estado de saúde já deu origem a polémicas sobre as notícias por vezes divulgadas na net, pois foi dado como tendo falecido a 19 de Janeiro deste ano e no entanto o porta voz do grupo e da família veio desmentir categòricamente tal notícia e lançando um aviso: "Parem de acreditar em tudo o que lêem ou vêem na internet".
O álbum "Rock or Bust" foi mais um sucesso de vendas e já atingiu o 1º lugar nos hit-parades da Austrália, Canadá, Alemanha e Suécia, e está no top 5 de outros 12 países, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, Itália e Nova Zelândia.
O álbum "Rock or Bust" foi mais um sucesso de vendas e já atingiu o 1º lugar nos hit-parades da Austrália, Canadá, Alemanha e Suécia, e está no top 5 de outros 12 países, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, Itália e Nova Zelândia.
CURIOSIDADE:
Numa votação que os membros da "Onda Pop" fizeram para entre eles elegerem as 50 melhores músicas dos anos 60, em língua inglesa, a canção eleita como a melhor, embora não tivesse sido a vencedora em nenhuma das listas, foi precisamente "Eloise" interpretada por Barry Ryan e composta pelo seu irmão gémeo Paul Ryan. |
DESCOBRINDO NOVOS DISCOS VELHOS
A Onda Pop sempre primou por informar os seus leitores sobre o lançamento de novos discos e agora tira da cartola preciosidades e pérolas musicais que quase se perderam sem divulgação e passa a apresentar-vos novos velhos L.P.s editados, entre 1967 e 1974, de folk-rock, blues-rock, jazz-rock, hard rock, soul music, rock progressivo, rock psicadélico ou simplesmente de ROCK. |
Abracadabra decidiu hoje revelar um dos seus truques de magia.
Os nossos mágicos sempre que descobrem uma preciosidade musical, vão analisar todas as origens ou ligações futuras dos seus intervenientes. Foi com este fácil truque, que descobrimos os "Heads Hands & Feet".
Em uma das nossas anteriores edições da Onda Pop tirámos da cartola os "Poet and One Man Band" e então, nessa nossa busca por raridades, descobrimos que esse grupo se tinha reformulado e transformado nos "Head Hands & Feet" e que tinham gravado um álbum em 1970, chamado "Home From Home", que nunca foi editado em vinil e só apareceu no mercado em formato CD, em 1996.
No entanto, na nossa extensa colecção de joias musicais dos anos 60 e 70, descobrimos que já eramos possuidores do seu 2º álbum gravado em 1971 e que se chama também Heads Hands & Feet, o qual foi editado em vinil em duas edições diferentes, para os Estados Unidos e para o Reino Unido.
O elo e mentor principal destes dois conjuntos é o guitarrista Albert Lee, que depois tocou com alguns senhores da música como George Harrison (e faz parte dos convidados do célebre Concert For George), Chris Farlowe, Emylou Harris, Jerry Lew Lewis, Eric Clapton, Dave Edmunds, Dolly Parton, etc, para além da sua discografia de 22 álbuns a solo e ter sido membro de conjuntos como Thunderbirds, Crickets ou Bill Wyman's Rhythm Kings.
Na edição americana do referido álbum aparece um música, que só o mistério do marketing poderá tentar explicar porque não foi um sucesso internacional, embora tenha todos os ingredientes para se tornar um êxito de qualidade. Chama-se Song For Suzie, a qual vos propomos ouvir e assistir, para que tenham um ideia da qualidade da lauta e suculenta ementa musical, que este conjunto e o disco epónimo nos oferecem.
Os nossos mágicos sempre que descobrem uma preciosidade musical, vão analisar todas as origens ou ligações futuras dos seus intervenientes. Foi com este fácil truque, que descobrimos os "Heads Hands & Feet".
Em uma das nossas anteriores edições da Onda Pop tirámos da cartola os "Poet and One Man Band" e então, nessa nossa busca por raridades, descobrimos que esse grupo se tinha reformulado e transformado nos "Head Hands & Feet" e que tinham gravado um álbum em 1970, chamado "Home From Home", que nunca foi editado em vinil e só apareceu no mercado em formato CD, em 1996.
No entanto, na nossa extensa colecção de joias musicais dos anos 60 e 70, descobrimos que já eramos possuidores do seu 2º álbum gravado em 1971 e que se chama também Heads Hands & Feet, o qual foi editado em vinil em duas edições diferentes, para os Estados Unidos e para o Reino Unido.
O elo e mentor principal destes dois conjuntos é o guitarrista Albert Lee, que depois tocou com alguns senhores da música como George Harrison (e faz parte dos convidados do célebre Concert For George), Chris Farlowe, Emylou Harris, Jerry Lew Lewis, Eric Clapton, Dave Edmunds, Dolly Parton, etc, para além da sua discografia de 22 álbuns a solo e ter sido membro de conjuntos como Thunderbirds, Crickets ou Bill Wyman's Rhythm Kings.
Na edição americana do referido álbum aparece um música, que só o mistério do marketing poderá tentar explicar porque não foi um sucesso internacional, embora tenha todos os ingredientes para se tornar um êxito de qualidade. Chama-se Song For Suzie, a qual vos propomos ouvir e assistir, para que tenham um ideia da qualidade da lauta e suculenta ementa musical, que este conjunto e o disco epónimo nos oferecem.
Esta semana enaltecemos o 7º lugar da "Parada da Onda Pop", porque parece que só a "Onda Pop" deu destaque a "Martha My Dear", pois esta canção não aparece classificada nos 40 primeiros lugares dos 15 hit-parades mais famosos e conceituados do mundo.
Dizem os musicólogos beatleanos que o título da canção "Martha My Dear", foi inspirado na cachorra de Paul McCartney, de raça Old English Sheepdog.
No entanto o próprio Paul admite que a letra e a inspiração musical foram baseadas na paixão pela sua musa de então Jane Asher.
Jane Asher tinha rompido o seu noivado de longa data com Paul poucos meses antes, em meados de 1968, e já tinha sido a inspiração de Paul para canções como "Here, There And Everywhere", "For No One" ou "We Can Work It Out", conforme Paul confessa em "Martha My Dear" quando canta "You have always been my inspiration..."
Musa ou cachorra, seja qual fôr o motivo da inspiração, "Martha My Dear" é mais uma linda composição de Paul McCartney, que foi totalmente gravada só por ele, portanto sem a colaboração de quaisquer dos outros Beatles, muito embora tenha sido editada no famoso duplo álbum "The Beatles" (mais conhecido por "Álbum Branco").
Dizem os musicólogos beatleanos que o título da canção "Martha My Dear", foi inspirado na cachorra de Paul McCartney, de raça Old English Sheepdog.
No entanto o próprio Paul admite que a letra e a inspiração musical foram baseadas na paixão pela sua musa de então Jane Asher.
Jane Asher tinha rompido o seu noivado de longa data com Paul poucos meses antes, em meados de 1968, e já tinha sido a inspiração de Paul para canções como "Here, There And Everywhere", "For No One" ou "We Can Work It Out", conforme Paul confessa em "Martha My Dear" quando canta "You have always been my inspiration..."
Musa ou cachorra, seja qual fôr o motivo da inspiração, "Martha My Dear" é mais uma linda composição de Paul McCartney, que foi totalmente gravada só por ele, portanto sem a colaboração de quaisquer dos outros Beatles, muito embora tenha sido editada no famoso duplo álbum "The Beatles" (mais conhecido por "Álbum Branco").